O Movimento pela reutilização dos livros escolares – reutilizar.org - é um movimento de cidadãos que promove a criação e divulgação de bancos de recolha e partilha gratuita de livros escolares em todo o País e tem como OBJETIVO ÚNICO:


Tornar a reutilização de livros escolares uma prática Universal em Portugal


Hoje o nosso movimento comemora a adesão do centésimo banco de recolha de livros escolares abertos em Portugal Continental, Açores e Madeira e com isso entendemos que “atingida a maioridade” devemos tornar pública a nossa opinião e ponto de vista sobre esta triste (e cara €€€€) realidade Portuguesa.


Durante o último ano centenas de voluntários trabalharam gratuitamente para promover esta ideia. 

Como resultado direto do seu trabalho dezenas de milhares de cidadãos de todas as classes sociais e económicas aderiram a este movimento partilhando os seus livros escolares e demonstrando pela prática que


Os Portugueses querem Reutilizar os seus livros escolares!


Para que todo o nosso trabalho não tenha sido em vão é chegada a hora de sermos consequentes!


Este movimento não pretende ser ou ter “A Solução” para este problema mas assume-se hoje como o legítimo portador de uma importante mensagem para quem tem ao seu alcance acabar de uma vez por todas com esta réstia de “terceiro mundismo” única na Europa a que queremos pertencer de pleno direito.


Hoje como sempre manteremos o tom do nosso discurso construtivo e pela positiva sempre tentando fazer parte da solução, e é desta forma que de hoje em diante procuraremos interpelar quem de direito sobre este assunto.


Lembramos o passado recente:


Em 22 de setembro de 2011 o atual Governo discutiu e legislou na AR sobre a criação das bolsas de manuais escolares nas escolas prevendo a devolução dos manuais escolares oferecidos aos alunos mais desfavorecidos que reverteriam a favor dos mesmos alunos no ano seguinte.


“Nessa oportunidade frisaram os proponentes que anteriores Governos nunca demonstraram intenção de resolver o problema” in Jornal Público de 23 de setembro de 2011


Logo na altura considerámos esta lei inaplicável - provavelmente inconstitucional por atentar contra a igualdade de oportunidades - por ser discriminatória dos alunos com menos recursos.


É aliás a nossa opinião - saber de experiência feito - que qualquer medida relativa a reutilização dos livros escolares que não seja UNIVERSAL só virá reforçar o estigma de que “os livros velhos são para os pobres” e assim contribuir para manter o estado das coisas. 

Como é evidente ninguém quer ser visto ou tratado como pobre principalmente se o for efetivamente!


Um ano passou e tal como antecipámos em setembro de 2011 o resultado prático desta lei foi … nada! Não queremos que mais um ano passe e tudo fique na mesma.


Mais recentemente:


Tomámos conhecimento este Domingo (JN de 26 de Agosto de 2012) da tímida reação do Governo a uma das recentes notícias relativas ao nosso movimento, sugerindo que:


“...já para o ano as escolas irão recolher os manuais escolares de TODOS os alunos e redistribui-los de acordo com os seus escalões e necessidades…”


Quando dizemos “tímida reação” queremos dizer que esta não foi nem clara nem tão pouco esclarecedora do objetivo do atual Governo relativamente a este assunto.


Aguardamos que em breve o Governo clarifique publicamente o que pretende fazer nesta matéria!


Ainda assim, pelo pouco que podemos saber hoje, é nossa convicção que qualquer medida que não promova a Reutilização como princípio UNIVERSAL (para todos os alunos) nas nossas Escolas terá necessariamente o mesmo fim que a anterior do mesmo Governo. 

Correria o risco de dar a ideia (errada seguramente) que, tal como em anos anteriores, não há verdadeira vontade de mudar esta triste (e tão cara €€€) realidade Portuguesa!


Na nossa opinião, pedir às famílias que deixem os seus livros na escola para que eles revertam a favor dos “mais carenciados” seria uma medida “muito bonita e solidária” e que sem dúvida representaria uma grande poupança para o Estado.


Mas que na prática se traduziria como mais um “imposto encapotado” sobre as famílias que no ano seguinte teriam de comprar novos livros!


Naturalmente uma medida destas seria mais um fracasso e significaria mais um ano perdido no caminho da solução!


Procurando a solução…


Mais uma vez afirmamos que este movimento não se assume como “A Solução”


porque não pode depender do esforço e empenho voluntário de algumas centenas de cidadãos a resolução de um problema desta dimensão


mas a nossa já longa experiência permite-nos ter uma boa perspetiva sobre o caminho que devemos seguir para mudar esta realidade.


A lei atual que prevê a adoção dos manuais por 6 anos é a nosso ver suficiente e contribui muito positivamente para a solução.

É claro no “espírito da lei” o interesse de permitir às famílias Reutilizar os seus manuais escolares.

Fica também claro pela extraordinária adesão dos cidadãos ao nosso movimento que:


Os Portugueses querem Reutilizar os seus manuais escolares


Assim sendo, a questão que se coloca é:


- Se a lei assim o prevê e esse é também o desejo das famílias, por que razão a Reutilização dos livros escolares não é ainda Prática Universal em Portugal?


Na procura de resposta para esta pergunta encontraremos algumas dicas importantes na busca da solução.

Na Escola estão os Professores que adotam os manuais e que ensinam os alunos.

Nos conselhos das Escolas participam as Associações de Pais e Encarregados de Educação que anualmente têm que comprar os livros escolares.

Na Escola se formam e ensinam os alunos que usam os livros escolares.


É portanto na (tutela da) Escola que reside a solução!


A maioria (ou mesmo todas) as escolas internacionais a lecionar em Portugal (Escola Francesa, Escola Inglesa ou Colégio Internacional por ex) poderão com as suas variadas

práticas de reutilização de livros escolares “ensinar” as nossas escolas sobre qual o caminho a seguir. Não é preciso ir muito longe…


Se, tal como em algumas dessas escolas internacionais a funcionar em Portugal, passar a ser prática Universal nas Escolas Portuguesas lá deixar os livros escolares no final do

ano e com isso adquirir o direito Universal a receber “novos” livros no ano seguinte provavelmente será dado um grande passo no caminho da solução.


Mas está ao alcance de quem tutela a Escola ir mais longe nas mudanças a implementar em virtude da profunda crise que atinge o nosso País que tem justificado várias outras medidas excepcionais. Por ex:


- Desaconselhar a adoção de manuais escolares pelas Escolas onde seja “previsto” escrever ou destacar páginas (prática geral no 1º ciclo do ensino básico)


- Rever a título excepcional os planos previstos de substituição dos manuais escolares (devido ao acordo ortográfico por ex) suspendendo a sua implementação ou prorrogando os respetivos prazos


- Dar orientações claras às Escolas sobre o ensino de boas práticas de Reutilização dos manuais escolares a todos os alunos


Se outras ideias faltarem bastará estudar a realidade da maioria dos países da Europa, especialmente dos mais desenvolvidos.


Até que esta realidade seja alterada, continuará este movimento de cidadãos o seu empenhado trabalho lembrando que os Portugueses querem Reutilizar os seus livros escolares.



Pela reutilização UNIVERSAL dos livros escolares


Manifesto de 2 de Setembro de 2012